segunda-feira, 7 de abril de 2014

Como Capturar o Sol


Ela corria, incansável, como se fosse sua última chance. Estava decidida a prender o Sol. Adorava vê-lo no céu, mas o queria mais perto. Queria tê-lo. Queria se sentir aquecida por ele. Mas primeiro, capturá-lo.

Enquanto subia aquela montanha altíssima, sua alma se alegrava, imaginando o verão eterno que seria sua vida. Carregava consigo, escondida em seu bolso, uma ferramenta importantíssima que utilizaria para a captura. Estava completamente preparada.

Chegou ao topo ofegante, e se viu num dilema: ele ainda estava longe, muito longe. Nunca conseguiria pegá-lo. Sua cabeça doeu e sua visão virou nuvem. Sentiu seu corpo ir de encontro com a grama.

— Filha! Filha!

Acordou e viu ele, o Sol, iluminando por trás o contorno do cabelo de sua mãe, que a balançava para acordá-la. Ela parecia muito mais especial daquele jeito, com os cabelos e a pele refletindo a cor dourada.

— Tome, amor, beba um pouco de água. Não devíamos ter deixado você subir esse morrinho num dia tão quente.

Engoliu meio copo, e olhou novamente para sua mãe, que estava na mesma posição. Não teve dúvidas. Tirou a sacola de plástico do bolso, e a enfiou na cabela dela.

— Peguei!


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